quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sobre a subvalorização da literatura nos programas de Português

Mark Rothko, 1949

Penso que se tal subvalorização triunfasse e se instalasse, ela poderia muito provavelmente representar não só uma severa limitação dos modos de circulação da literatura, mas uma violenta expropriação das possibilidades e do direito de acesso à relação literária, para muitos daqueles que por razões das suas origens familiares e, em geral, sócio-culturais, não terão, fora da escola, muitas oportunidades para se encontrarem com a literatura. Neste caso, como em outros, a demagogia populista, que ‘resolve’ as dificuldades evitando-as, faz o jogo que destinaria a literatura a reserva de elites (se é que elas ainda se dão a tais futilidades).

GUSMÃO, Manuel (2006), “Desde que somos um diálogo”, in: Inês Duarte e Paula Morão (org.), Ensino do Português para o Século XXI, Edições Colibri / Dep. de Linguística Geral e Românica e Dep. de Literaturas Românicas / FLUL, p 24.

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