terça-feira, 15 de julho de 2008

O cânone dos exames do 12º ano



Este tivemos o Miguel, para o ano que vem queremos a Margarida, daqui a dois anos pode ser que o "texto astrológico" de Maya já entre.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ainda a Matemática

terça-feira, 8 de julho de 2008

Ao cuidado dos da educação



A política de facilitismo e permissividade, que tem contado com a cumplicidade de um certo pedagogismo míope e laxista, contribui sem dúvida para a melhoria cosmética das estatísticas nacionais e internacionais, mas condena uma multidão inumerável de jovens à iliteracia e, por conseguinte, a uma irresgatável menoridade social e cívica.
Vítor Aguiar e Silva, "Reflexões tempestivas sobre a crise das Humanidades".

João Gilberto e Caetano Veloso cantam "Garota de Ipanema", de Tom Jobim e Vinicius

Reacção da Associação de Professores de Português aos maus resultados na prova do 12º ano

(...) a Associação de Professores de Português (APP) culpa a má formulação da prova pelos piores resultados dos últimos anos.
"Os maus resultados [a português] não surpreenderam porque a prova apresentava toda uma série de questões mal formuladas que levaram os alunos à confusão. Esta quebra não se deve a falta do bom ensino de Português ou falta de preparação, mas sim exclusivamente à prova que os alunos tiveram à frente", afirmou hoje à Agência Lusa a vice-presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Antunes Ferreira.
A responsável lembrou que tanto o primeiro como o segundo grupo do exame de Português do 12º ano "suscitaram várias dúvidas" à APP e a inúmeros professores, salientando que "nem os alunos nem os docentes podem ser responsabilizados pelos fracos resultados".
"Os professores leccionaram e preparam os alunos este ano como sempre o fizeram nos anos anteriores. Há uma coisa que está mal nisto tudo e de certeza que não é a forma como os professores leccionam o Português", reiterou.
A média de notas no exame de Português do 12º deste ano ficou abaixo dos 10 valores (numa escala até 20) pela primeira vez em três anos, situando-se nos 9,7 valores face aos 10,8 de 2007.
Edviges Antunes Ferreira afirmou ver "com bons olhos" o reforço das medidas de apoio da disciplina no Secundário anunciado pelo Ministério da Educação na sexta-feira passada.
"Qualquer reforço a nível da carga horária em Português é fundamental para melhorar o desempenho dos alunos. Mas não tenho dúvidas de que se os alunos no próximo ano forem confrontados outra vez com uma prova deste calibre os resultados não vão melhorar, vão ser os mesmos", considerou.


Público, 9/7/08

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Milagre que alguns já atribuem a Nossa Senhora de Lourdes: Média dos alunos internos do 12º ano a Matemática foi este ano superior a 14!

A escola facilita de tal modo a qualidade de ensino que ministra, desiste de tal modo da responsabilidade que é a sua na exigência de desenvolvimento das competências cognitivas dos seus alunos, que nada significa ter sucesso. Todos têm sucesso.
Olga Pombo, A Escola, A Recta e o Círculo

sábado, 5 de julho de 2008

Crónica de João Marcelino, hoje, no DN

O MILAGRE DA METMÁTICA

Num ano, num simples ano, os jovens portugueses do secundário resolveram milagrosamente os seus problemas com a Matemática e passaram de uma média de 9,4 para 12,5. Em sentido inverso, mas ainda mais positivo, as próprias reprovações, que eram de 18%, baixaram para 7%. Um duplo êxito? Não! A Associação Portuguesa de Matemática, obviamente, desconfia; o ministério, incomodado, admite que "não se podem fazer comparações seguras" com o ano anterior; e, perante este quadro, nada impede um cidadão de temer que tal fenómeno se deva apenas a uma mudança de critérios, agora mais "amigos" na avaliação da ignorância.
Seja como for, esta situação ilustra o que nos últimos anos se tem passado na sociedade portuguesa e a todos os níveis.
Esmagado pela estatística, sobretudo no ensino e na saúde, o País interiorizou, com os governantes à cabeça, que a convergência com a Europa é um simples exercício numérico. Tudo estará bem se as estatísticas, ratificadas na Europa, forem melhores.
Fosse assim tão simples tratar da realidade.

Boa imprensa



A entrevista à ministra Lurdes Rodrigues, publicada hoje no Expresso, ilustrada com sete enormes fotografias em pose descontraída e simpática, é bem a prova de que continuar a gozar de boa imprensa.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Águas de Portugal, empresa pública arruinada, gasta milhões em carros e prebendas de luxo



"No meu país não acontece nada",
escreveu Ruy Belo em 1970,
e continua a nada acontecer.

Maris Filomena Mónica, sobre os exames de Português


Maria Filomena Mónica escreve hoje no Público sobre os exames de Português. Longe dos bons tempos dos "Filhos de Rousseau", mas, ainda assim, é de ler. Curiosamente, a média das provas do Português B, 12º, baixou este ano para 9,7 (já a de Matemática subiu bastante).

Galeria


Galeria de ministros da educação: desde Hermano Saraiva (1968-1970) até Lurdes Rodrigues (2005-), foram vinte e oito, sendo que três pertenceram a mais do que um governo. Marçal Grilo foi o que mais tempo governou: quatro anos. Mesmo assim, em média, não chega a ano e meio para cada um. Na Primeira República, a média é bem menor: pouco mais do que três meses.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Imagens do filme "Verão 42", com Jennifer 0'Neil (tema musical de Michal Legrand)


É um "filme de formação", com adolescentes a crescer e a Segunda Guerra Mundial em fundo. Tocante. Pode ser mostrado aos nossos alunos com proveito.

domingo, 29 de junho de 2008

Ilha de Moçambique - seis vistas






O direiro ao sucesso



Margarida Moreira - Começou por ser educadora de infância, passou depois a integrar as estruturas dirigentes da FENPROF-Norte e é directora da Direcção Regional de Educação do Norte desde que Santos Silva foi ministro da educação.
Disse há tempos que os alunos têm direito a ter sucesso, e parece que ficou em acta.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Clamar no deserto


PINTO MONTEIRO VAI HOJE AO PARLAMENTO FALAR SOBRE VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

O Procurador-Geral da República (PGR), Fernando Pinto Monteiro, vai hoje à Assembleia da República falar sobre a violência nas escolas e "responder a todas as questões" dos deputados.
Segundo fonte da Procuradoria, Pinto Monteiro responderá, na audiência na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, "a todas as questões que os partidos políticos" lhe colocarem sobre a violência nas escolas.
Nos últimos meses, Pinto Monteiro mostrou-se preocupado com a violência no meio escolar, afirmando mesmo que tem "elementos seguros de que há alunos que vão armados para as escolas", e acusou o Governo de "minimizar" a dimensão deste problema.
O Procurador-Geral da República, que seleccionou a violência escolar como uma prioridade de investigação, no âmbito da nova Lei de Política Criminal, considerou que "a violência escolar funciona, em alguns casos, como uma espécie de 'embrião' para níveis mais graves de criminalidade".
O PGR defendeu que seja "reforçada a autoridade dos professores e que os órgãos directivos das escolas sejam obrigados a participar os ilícitos ocorridos no interior das mesmas".

PÚBLICO17/6/08

Equívocos



O anunciado fim da escola transmissiva, substituída pela escola das competências práticas e em uso, corresponde a uma mudança de paradigma baseada no equívoco da chamada "ligação à vida", que corre em detrimento da formação geral e humanística dos alunos (supõe-se que a filosofia ou a literatura não têm ligação à vida). Em rigor, o que esta poderosa "tendência" defende é a desvalorização da escola e do seu papel (bem como o apoucamento da função do professor), pois o que é a escola senão uma abstracção, ou, quando muito, um simulacro? O que é que disciplinas como a Matemática ou a História podem ser senão extraordinárias abstracções? Se Einstein não "abstraísse", em que laboratório é que ele poderia ter chegado à teoria da relatividade?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

De vento em popa!


À semelhança do que se vê na imagem publicada hoje pelo Público, as aulas do futuro próximo serão assim uma espécie de teatro de sombras...


Numa região dita deprimida, falando para portugueses que para lá caminham, o primeiro-ministro anunciou ontem, com exactidão e contas feitas, a panaceia para salvar a escola pública, dando ao mesmo tempo uma enorme bofetada psicológica aos descrentes no "estado da arte": milhares e milhares de videoprojectores (um por sala, calcule-se o luxo e a crença!), quadros, imensos quadros interactivos (um por cada três salas), computadores a rodos (um por cada cinco alunos), muita net rapidíssima e um pouco por toda a escola (mesmo "nos espaços exteriores" - sic), videovigilância por tudo quanto é sítio.... são ao todo 400 milhões de "aéreos".
Hélas, agora é os profes se calam de vez (e até deixam de ser precisos)!

sábado, 14 de junho de 2008

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Portugal no seu melhor: a agonia do Latim, por exemplo



Veio nos jornais, a partir da agência Lusa: o número de alunos a aprender Latim diminuiu 80 por cento nos últimos dois anos e só em 4 por cento das escolas secundárias se ensina hoje a disciplina, aliás a turmas com o mínimo de alunos. Trata-se, tão-só, da língua que veiculou o essencial da cultura ocidental (de que somos herdeiros, quer o queiramos quer não, quer o saibamos quer não), para além de constituir as fundações da nossa língua, que é hoje falada por quase 200 milhões de falantes.
Por este andar, dentro de poucos anos, na maioria das escolas não vai haver um único professor de Língua Portuguesa/Português - aliás, já há bem poucos - que tenha estudado ao menos um ou dois anos de Latim.
Calculo que os da educação devam estar impantes. Aí está um dado do nosso progresso: os jovens do choque tecnológico não querem saber da língua da padralhada para nada!
E, no entanto, por exemplo, no Reino Unido, cuja língua não é românica (embora dois terços do seu léxico sejam de matriz greco-romana), entre 2004 e 2007 mais do que duplicou o número de secundárias a leccionar a disciplina e há mesmo 2500 escolas do 1º ciclo que dão às crianças introdução ao Latim para as ajudar na aprendizagem da gramática inglesa.
Nem apetece ser irónico.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Ilha de Moçambique, porque é 10 de Junho



A mítica ilha de Moçambique, onde Camões, por volta de 1570, com o livro já acabado, após cerca de dezassete de "exílio" oriental, terá esperado miseravelmente por uma boleia que o trouxesse de regresso à pátria. "Pátria", claro está, é só uma maneira de dizer, como bem se percebe nos finais de quase todos os Cantos, esses sobre que quase sempre pesou, mais do que sobre a Ínsula Divina, um velado silêncio.

domingo, 8 de junho de 2008

Emigrantes portugueses



É tocante vê-los e ouvi-los, na Suíca, onde trabalham na restauração e fazem limpezas, tão entuasiasmados, tão orgulhosos com o seu país, a cepa torta de onde foram obrigados a sair um dia. É o grau máximo da humildade, afinal. O sermão da montanha terá sido dito para eles.

É já em 2013, no fim da próxima legislatura..., disse convictamente o doutor Valter Lemos, mostrando 'fair-play' para com a gargalhada que provocou


Ontem, num encontro destinado a explicar a reforma da educação especial, Valter Lemos manifestou a convicção de que em 2013 haverá em Portugal "uma verdadeira escola inclusiva", uma afirmação que provocou uma gargalhada na plateia, constituída maioritariamente por docentes de educação especial. Aos jornalistas, Valter Lemos disse compreender a reacção dos professores, afirmando que ela é justificada pela história de falta de consistência nas reformas da educação em Portugal. "É a incredulidade normal de um país que se habituou a não ser consistente nas opções que faz. Percebo perfeitamente a reacção dos professores, percebo que haja alguma incredulidade quando se está habituado a tanta inconsistência", disse, e acrescentou que revela "desconfiança em relação à história das reformas da educação em Portugal" e não às políticas deste Governo.Público, 8/6/08.

sábado, 7 de junho de 2008

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Splendor in the Grass

"Esplendor na Relva", de Elia Kazan, com a melhor Natalie Wood de sempre.
À atenção da UNESCO: devia ser património da humanidade.
E também devia ser de visão obrigatória nas escolas, já agora.

Sobre a subvalorização da literatura nos programas de Português

Mark Rothko, 1949

Penso que se tal subvalorização triunfasse e se instalasse, ela poderia muito provavelmente representar não só uma severa limitação dos modos de circulação da literatura, mas uma violenta expropriação das possibilidades e do direito de acesso à relação literária, para muitos daqueles que por razões das suas origens familiares e, em geral, sócio-culturais, não terão, fora da escola, muitas oportunidades para se encontrarem com a literatura. Neste caso, como em outros, a demagogia populista, que ‘resolve’ as dificuldades evitando-as, faz o jogo que destinaria a literatura a reserva de elites (se é que elas ainda se dão a tais futilidades).

GUSMÃO, Manuel (2006), “Desde que somos um diálogo”, in: Inês Duarte e Paula Morão (org.), Ensino do Português para o Século XXI, Edições Colibri / Dep. de Linguística Geral e Românica e Dep. de Literaturas Românicas / FLUL, p 24.

sábado, 31 de maio de 2008

Bons negócios, maus sinais...


Noventa mil europeus, esmagadoramente portugueses, a maioria jovens - e dessa maioria, uma boa parte liceais -, deliraram com o "espectáculo incrível" (sic, disseram alguns na TV, entusiasmadíssimos) que uma bêbada decadente, com uma voz miserável e a cair em palco que metia dó, deu ontem à noite no "Rock in Rio".
Bons negócios, maus sinais...

Futuros d-erres brincando à selvajaria fascista


As praxes têm valor pedagógico. Permitem identificar quem, humilhando ou deixando-se humilhar, confunde universidade com pocilga.
João Pereira Coutinho, Expresso, 31/5/08

sexta-feira, 30 de maio de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Bem visto

Sistema de ensino: rumo à infantilização crescente
Por Paulo C. Rangel (do Blogue Geração de 60, 20/5/08)

Ao que parece o Conselho Nacional de Educação - com a bênção já há tempos anunciada do Ministério da Educação - vai propor a fusão do primeiro e do segundo ciclos do ensino básico. Medida cujo intuito será o de submeter as criancinhas dos seis aos doze anos ao regime maternal-paternal do professor único (ou melhor, do professor tendencialmente único). Tudo isso com o superior propósito de evitar os traumas da transição de um sistema de um único docente para um sistema de vários docentes.
Em Portugal, continua-se no trilho da infantilização e desresponsabilização de crianças e jovens. Que trauma pode sofrer um ser humano de dez anos por passar de um regime de professor único para um de cinco ou seis professores (se forem dez, como se diz, serão, de facto, demais...)? E esse trauma não se agravará se vier a ser sofrido aos doze ou treze anos, altura em que tem de lidar com todas as mudanças da adolescência?
Aos dez anos, não haverá já maturidade psicológica para viver com a diversidade e a multiplicidade das relações e dos carismas humanos? Não será altura de as crianças saírem do casulo para o mundo multipolar da teia de relações? Não será benéfico conviver com diferentes perfis e métodos de ensino e aprendizagem? Não se ganhará com a competência especializada dps professores de cada área? E já agora que tem isto tudo a ver com a pobreza infantil, que foi, pelo menos, no anúncio dos media, associada a esta reforma visionária?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O serviço administrativo (da coluna de Francisco José Viegas no Correio da manhã)

Serviço administrativo.
Por mais vontade que uma pessoa tenha de deixar um aceno simpático para a ministra da Educação, a verdade é que ela se encarrega de impedir o gesto. Não apenas por culpa dela, mas sobretudo por causa da «doutrina» que domina o Ministério e os seus pedagogos oficiais. É por isso que a ministra diz (numa entrevista à TVI) que a liberdade de escolha é nefasta e prejudicial e é por isso que admite veladamente que o caminho para acabar com o insucesso escolar é o fim das reprovações. Todos sabemos de onde vêm essas ideias e todos (com as naturais excepções dos génios que a ministra tem a cercá-la no ministério) sabemos que os resultados podem ser bons para as estatísticas mas são maus para o ensino. Os governos pensam que um bom ministro da Educação se deve limitar a pôr a casa em ordem; isso, a ministra fez. Mas pedia-se mais: uma mudança na cultura da escola, um sinal de que o ministério não quer apenas melhorar as estatísticas, mostrando serviço administrativo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Professores a darem despesa...



Agora são os chumbos que custam muito dinheiro ao país, isto é, são os professores a darem despesa, sem haver necessidade. Pensava que os chumbos já fossem residuais, mas, afinal, mesmo os poucos que vai havendo ainda são o maior sorvedouro de dinheiro mal gasto de todo o estado português.
Não deixa de ser extraordinário: uma reprovação bem acompanhada não resulta, mas com uma ou sucessivas transições artificiais já o problema fica resolvido... Pensando que a escola pública vai sendo cada vez mais para os "filhos dos outros", "coitaditos", por lá andarem a "socializar" e a adquirir "competências" (seja lá o que isso for)... Chumbos para quê, afinal?

Que a escola não as abandone

Crianças guineenses: têm como língua materna um crioulo de base portuguesa ou uma língua africana sem escrita, estudam (em) Português. Que a escola não as abandone. É caso para dizer, ao contrário dos Pink Floyd (terão filhos, ou serão apenas uns tipos cheios de dinheiro e de "liberdade"?) : Teachers! Don't leave the kids alone!

É uma linguista (Inês Duarte) que o diz: ensine-se explicitamente gramática!


Nas últimas décadas, a reflexão sobre a estrutura e o funcionamento da língua tem sido subalternizada nas aulas de Português.

Porventura por influência das abordagens comunicativas dominantes nas línguas estrangeiras, tem-se atribuído a tal reflexão um papel secundário ou meramente instrumental – o da correcção de erros de uso.

Os efeitos desta filosofia são conhecidos. Os alunos concluem a sua escolaridade secundária sem consciência explícita das regularidades da língua, dos tipos de unidades que formam as palavras a as frases, dos paradigmas flexionais, dos processos de formação de novas palavras, dos padrões de articulação entre frases. O seu fundo lexical activo e passivo é mais restrito do que seria desejável. São notórias as suas deficiências relativamente ao domínio das convenções ortográficas e das regras de pontuação.

Sem retirar às aulas de língua materna o objectivo de trabalhar as modalidades ouvir/falar, ler/escrever, sustentamos que elas são o espaço curricular em que a reflexão sobre a estrutura e o funcionamento da língua deve caber como componente autónoma. Sustentamos que é necessário dar aos alunos, nas aulas de Português, múltiplas ocasiões para um trabalho “laboratorial” sobre a língua, desligado dos objectivos comunicativos com que a utilizamos como falantes.

Inês Duarte, “Oficina gramatical: contextos de uso obrigatório do conjuntivo”, in Para a Didáctica do Português – Seis Estudos de Linguística, Lisboa, Edições Colibri,1992, p. 165.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Poema de Vasco Graça Moura


lâmpada votiva/3

agora deu-se à terra o que é da terra
e as flores amontoam-se em sinal
de ser fugaz a vida, sobre a cal.
e enquanto cada dia desaferra,

com seu sopro bravio virão ventos
e as gaivotas, levando-lhes outras vozes,
uivos do mar, pios, metamorfoses.
nada ela escutará nesses momentos.

haverá fumo e fogo, deslembranças,
ecos, recordações, nuvens, ruídos,
outros cortejos tristes, recolhidos,
ali por perto hão-de brincar crianças

num jogo descuidado. um grupo vence-o.
mas fica a minha mãe posta em silêncio.

Ó da guarda, que vamos ficar sem as consoantes 'mudas'!


Circula agora por aí uma petição contra o Acordo Ortográfico, em que se fala com "profunda indignação" contra a supressão das consoantes etimológicas não articuladas 'c' e 'p', que seriam essenciais para as vogais abertas que as antecedem se manterem abertas. A verdade é que o argumento colhe muito pouco, porquanto em 'actriz' ou em 'actual', a presença do 'c' não impediu que o 'a' fechasse. Infelizmente, a redução das vogais não tónicas é uma característica do português europeu, e isso, de facto, não abona nada a favor da sonoridade da variante europeia da nossa língua, que fica muito mais tristonha de se ouvir. Mas defender a pés juntos que são as consoantes "mudas" que impedem a redução do timbre das vogais é claramente um argumento pobre, tanto mais que essas consoantes só existem na escrita. Com o número de leitores que temos...
Ainda por cima, temos exemplos que atestam o contrário: em 'inflação' ou 'translação', não consta que o 'a' esteja a fechar e estas palavras não têm qualquer consoante 'muda'. Por outro lado, que se saiba, os brasileiros estão longe de fechar o 'e' de selecção e já há muitos anos que escrevem e lêem 'seleção'. Também nos (imensos) pares de homógrafas sem acento gráfico distintivo - eu namoro / o namoro, eu começo / o começo - a vogal aberta, embora aí seja tónica, não fechou, e não há qualquer sinal gráfico a sinalizar a sua abertura.
Na verdade, pode-se discutir uma ou outra "solução" que o Acordo propõe, mas o tão estafado argumento das consoantes etimológicas não articuladas parece-me um pouco preguiçoso.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Largo central de uma roça em S.Tomé, em 1924

Ficha 36 - Forma negativa - Forma afirmativa

Esta ficha segue o percurso inverso da 34: mudando a forma da frase, da negativa para a afirmativa, o exercício treina a passagem do pronome átono da próclise para a ênclise - ou para a mesóclise, no caso do Futuro e do Condicional. Como a outra, pretende ser abrangente (foi feita para o 7º ano), mas pode ser adaptada e desenvolvida, de acordo com o grau de dificuldade pretendido.
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domingo, 27 de abril de 2008

Ficha 35 - Distinção entre frases simples e complexas

Pretende-se aqui uma primeira abordagem à frase complexa, antes da leccionação de estruturas sintácticas de coordenação e subordinação frásica.
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sexta-feira, 25 de abril de 2008

terça-feira, 22 de abril de 2008

Apanha do chá em Gurué, Moçambique

Jules et Jim (1962), de François Truffaut

(des)arrumações - Duas fotos de Alfedo Cunha, com remate do poema "Portugal" de Alexandre O'Neill, trinta e tal anos após o contencioso




Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso
meu remorso de todos nós...
(Alexandre O'Neill)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Manuel-machadez

Um bom exemplo do que, em discurso oral, se deve evitar. É um excelente "tesourinho" para mostrar aos alunos antes dos momentos formais de avaliação oral, para que eles percebam bem como é que se infringe a máxima conversacional de modo. O resto é um homem a fazer uma figura triste a "falar bem" - e desmontar isso também é pedagógico.

domingo, 20 de abril de 2008

Embondeiro (Moçambique)

"É impossível não ficar profundamente impressionado"




Num texto de 1981, sobre a "Situação actual da língua portuguesa no mundo", Luís Filipe Lindley Cintra escreveu:

Quando se medita, numa perspectiva histórica, no que foi no passado o destino da língua portuguesa é impossível não ficar profundamente impressionado. O dialecto românico que, por volta do século X, nos aparece num pequeno território correspondente à actual Galiza e Norte de Portugal, documentado com já marcada individualidade em formas dispersas por textos em "latim bárbaro", esse dialecto, já elevado no século XVI a língua nacional do reino de Portugal, então habitado por cerca de um milhão e quinhentas mil pessoas, foi-se difundindo por vários continentes e tornou-se no que é actualmente o meio de comunicação verbal e/ou escrita de perto de 130 milhões de pessoas - o que numericamente a coloca como 5ª língua do mundo."

sábado, 19 de abril de 2008

A engrenagem da vitória / a vitória da engrenagem


Em Setembro, tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Afinal, os sindicatos acabaram sendo um óptimo parceiro para a senhora ministra. O colega Nogueira cantou euforicamente vitória e ele lá terá as suas razões (que a razão da generalidade dos professores desconhece).
Vale a pena ler o que escreve Pacheco Pereira, no Abrupto, sobre o assunto.

Talvez não houvesse necessidade...


Anúncio de abertura do mestrado em gestão e manutenção de campos de golfe, na Universidade do Algarve.

Padaria Saudade, em Chibia, Angola


Chibia, perto de Lubango (ex-Sá da Bandeira), Angola

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ele não é só "Brazil", ele já é também "Mozambique"

Não bastava já a tão recorrente grafia "Brazil", à inglesa. Ontem, escrito no quadro por um aluno, deparei-me com "Mozambique". Registo sem mais comentários. Não sei que dizer. Ou direi apenas isto: em inglês não há c cedilhado.

LER outra vez


No próximo dia 23, a revista LER regressa às bancas, de novo dirigida por Francisco José Viegas. Entretanto, associado a este novo fôlego, foi criado o LERBLOG, que é visitável com proveito.

terça-feira, 15 de abril de 2008

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Clã e Manuela Azevedo - Problema de expressão na versão original

Clã e Manuela Azevedo - "Problema de expressão" (letra revista pelos fedorentos)

Desta canção "adulterada" dos Clã poderá talvez fazer-se uma aula não de todo desinteressante.

Ficha 34 - Forma afirmativa - Forma negativa

Posto uma ficha que pretende levar os alunos a aplicar correctamente, na passagem da forma afirmativa para a forma negativa, a deslocação do pronome átono para antes do verbo por efeito do advérbio "não", que é o operador típico da negação em português. Como todos sabemos, verifica-se actualmente uma tendência para só aplicar a ênclise (já não falo da mesóclise, que já poucos empregam e só no escrito formal), mesmo na presença de proclisadores, o que dá "coisas" hoje tão correntes como "*O filme não chamava-se assim" ou "*Eu não vi-a ontem no cinema". O exercício pode servir de modelo e adaptar-se a diversos níveis de ensino, desde que se construam frases diferentes. Este em particular foi feito para ser aplicado no 7º ano e procura ser abrangente.

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sábado, 12 de abril de 2008

Ficha 33 - Preposições e contracções

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Edward Hopper (1882-1967) - Nighthawks