Sistema de ensino: rumo à infantilização crescente
Por Paulo C. Rangel (do Blogue Geração de 60, 20/5/08)
Ao que parece o Conselho Nacional de Educação - com a bênção já há tempos anunciada do Ministério da Educação - vai propor a fusão do primeiro e do segundo ciclos do ensino básico. Medida cujo intuito será o de submeter as criancinhas dos seis aos doze anos ao regime maternal-paternal do professor único (ou melhor, do professor tendencialmente único). Tudo isso com o superior propósito de evitar os traumas da transição de um sistema de um único docente para um sistema de vários docentes.
Em Portugal, continua-se no trilho da infantilização e desresponsabilização de crianças e jovens. Que trauma pode sofrer um ser humano de dez anos por passar de um regime de professor único para um de cinco ou seis professores (se forem dez, como se diz, serão, de facto, demais...)? E esse trauma não se agravará se vier a ser sofrido aos doze ou treze anos, altura em que tem de lidar com todas as mudanças da adolescência?
Aos dez anos, não haverá já maturidade psicológica para viver com a diversidade e a multiplicidade das relações e dos carismas humanos? Não será altura de as crianças saírem do casulo para o mundo multipolar da teia de relações? Não será benéfico conviver com diferentes perfis e métodos de ensino e aprendizagem? Não se ganhará com a competência especializada dps professores de cada área? E já agora que tem isto tudo a ver com a pobreza infantil, que foi, pelo menos, no anúncio dos media, associada a esta reforma visionária?
terça-feira, 27 de maio de 2008
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