Eles eram jovens, licenciados, ambos virgens naquela sua noite de núpcias, e viviam numa época em que uma conversa sobre dificuldades sexuais, que nunca é fácil, era simplesmente impossível. Estavam ambos sentados a jantar numa sala minúscula no primeiro andar de uma estalagam georgiana. Na sala ao lado, através da porta aberta, via-se uma cama de colunas, com uma colcha de um branco imaculado e espantosamente lisa, como se tivesse sido esticada por qualquer mão não humana. Edward não referia que, até então, nunca havia ficado num hotal, enquanto Florance, após muitas viagens que fizera com o pai, já tinha vasta experiência nesse domínio. Superficialmente, estavam bem-dispostos. O seu casamento, na igreja de St. Mary, em Oxford, tinha corrido bem; o serviço religioso foi correcto, a recepção divertida, a despedida dos amigos da escola e da faculdade ruidosa e animada.
Ian McEwan, Na Praia de Chesil, trad. de Ana Falcão Bastos, Gradiva.
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